As feiras de velharias existem por todo o país. Duram um dia, começam muito cedo (para os que querem ter a primazia e “cobiça” de serem os primeiros) e duram, na generalidade, até ao fim da tarde.
Espalhados pelo chão ou em bancadas apoiadas em cavaletes de montar e desmontar rápido, ajeitam-se os objectos. Uma notável mistura de formas, cores e materiais. Tanto pode ser um livro, uma louça, como um álbum de postais românticos. Mais à frente, um vendedor mostra garrafas, cromos, brinquedos e óculos antigos, formidável bric à brac que vai do barro aos azulejos de fachadas demolidas, às ferramentas de ofícios desaparecidos, às fotos, cartazes, folhetos, desenhos de autor, pequenos artefactos sem nome, um festim para o olhar.
É preciso muito treino, seleccionar, entre a nem sempre organizada “montra”, o espécimen que procuramos. O maior prazer é a descoberta seguida da discussão do preço. Desse desencontro se faz a emoção e a vontade de comprar contra a vontade de vender. Raras vezes a ignorância é de quem vende. Nas feiras de velharias onde a Feira da Ladra é rainha, os habitués vão do simples coleccionador ao investigador universitário. A procura do antigo, da peça, do objecto, o desejo e a sedução que ele exerce por quem o procura, faz daquele dia um dia de namoro, um dia especial.



