
A Companhia União Fabril (CUF) foi criada em 1865 pelo Visconde da Junqueira com um capital de 200 contos de reis, tendo por finalidade o fabrico de sabões, velas de estearina, e óleos, entre os quais o de purgueira. Em 1875, após a morte do fundador, Henry Burnay foi a grande figura de proa da Companhia, salvando-a da ruína, com o precioso auxílio dos suprimentos do Visconde de Gandarinha.
Alcântara era nessa época uma das principais zonas fabris da Lisboa oitocentista, e era nesse espaço que se encontravam as instalações fabris da empresa bem como da sua principal rival, a Companhia Aliança Fabril (CAF) liderada pelo jovem Alfredo da Silva. Em 1898, um grande incêndio destruiu parcialmente as instalações da CAF, não restando ao jovem empresário outra solução se não a de promover a sua fusão com a CUF de Henry Burnay.
O capital da empresa foi elevado a 500 contos de reis, passando Alfredo da Silva a ocupar o lugar de administrador-gerente. Empreendedor de visão estratégica, seria o grande impulsionador da CUF, transformando-a no maior grupo industrial português. A aposta na indústria química levou a empresa a saltar o Tejo e encontrar no Barreiro os requisitos para esse projecto. Para além da proximidade com Lisboa, os terrenos adquiridos por Alfredo da Silva detinham um porto privativo, e um ramal ferroviário com ligação aos Caminhos-de-Ferro do Sul e Sueste, permitindo deste modo a recepção de matérias-primas e o posterior escoamento de todos os produtos acabados.
Sob o lema “O que o país não tem a CUF cria”, a empresa apostou continuamente na diversificação dos seus produtos, criando novas formas de trabalho e de negócio, numa reinvenção contínua de si própria.
De 1908 em diante, foram surgindo no Barreiro novas unidades fabris, quase de forma ininterrupta, tendo chegado a representar 80% da produção total da empresa, ombreando lado a lado com os maiores complexos industriais europeus da sua época. Nos anos seguintes, a Companhia alargou os seus centros produtivos a localidades como Alferrarede, Porto, Mirandela e Ansião, ao mesmo tempo que estabelecia através da extensa rede ferroviária nacional uma das mais abrangentes redes de depósitos para venda dos seus produtos.
Sob o lema “O que o país não tem a CUF cria”, a empresa apostou continuamente na diversificação dos seus produtos, criando novas formas de trabalho e de negócio, numa reinvenção contínua de si própria. Para além dos óleos alimentares, velas a sabões, a empresa lançou-se também na produção têxtil, produtos químicos, rações para animais, recuperação de metais com base no tratamento de pirites (ouro, prata, cobre, zinco e chumbo) e metalomecânica pesada. Ao mesmo tempo, foi também edificada uma das mais vastas obras sociais no país, por forma a suprir a quase ausência do Estado nesse domínio: bairros sociais, cantinas, escola primária, dispensa, colónia de férias, grupo desportivo, caixa de previdência, entre outros.
Para se perceber a sua importância no contexto económico português, nas vésperas da revolução de 25 de Abril de 1974 o Grupo CUF era composto por cerca de 180 empresas, nas quais trabalhavam cerca de 120 mil empregados, sendo responsável por 10% de toda a economia nacional, estando presente em praticamente todos os sectores económicos.
As novas políticas económicas ditadas pelo PREC levaram à sua nacionalização e posterior desmembramento, tendo surgido a Quimigal – Química de Portugal EP. A marca CUF só voltaria a renascer já no final dos anos 1990 com a reprivatização da Quimigal, e posterior integração no Grupo José de Mello. Em 2018, foi efetuada uma reestruturação na empresa e criada a Bondalti, com vista à internacionalização do negócio de químicos industriais, enquanto a marca CUF passou exclusivamente a ser sinónimo de clínicas e hospitais, liderando o sector privado da prestação de cuidados médicos.
Sabia que
No seu auge, no complexo do Barreiro trabalharam mais de 7 mil empregados.
Em 1971, o Institut International de Promotion et de Prestige atribuiu à CUF o “Trophée Internacional de L’ Industrie” pelo seu lugar de líder destacado da indústria portuguesa, prémio que havia sido ganho anteriormente por empresas como a Porsche, Solvay, ou a Royal Dutch Shell.
Em Setembro de 1973, o Grupo CUF foi considerado pela revista Fortune um dos 100 maiores e mais importantes grupos industriais do mundo fora dos EUA.