Gordas, magras, altas, finas, em plástico ou acrílico moldado, de latão ou alumínio as letras amontoam-se e organizam-se em frases improváveis, por vezes, isolam-se em pose, néons desconexos, anúncios velhos, letreiros de um comércio fechado, falido sem sentido.
Quem viaja pelas feiras de velharias em especial a da Ladra, observa com espanto e inquietação conjuntos de letras, que já não soletram, não têm pertença ou lugar seguro, vagabundeiam por aí. Letras pelo chão significa que a palavra se tornou supérflua, está desencantada e é inútil.
Manuel Palma, in Almanaque 2016





